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quinta-feira, 10 de junho de 2010

O JOGO DO AMOR

Somos criados para pensar que não. O amor é um jogo? Que absurdo, ora essa. O amor é pra ser sentido, demonstrado, percebido, e não racionalizado. Joguinhos, se existirem, só devem fazer parte do começo das relações afetivas, é o que nos acostumamos a pensar. De resto, deixa o coração falar mais alto.
E do “alto” dos meus 44 anos, com algum aprendizado sobre relacionamentos, hoje me arrisco a dizer que o amor pode ser um jogo, sim. Quem nunca pensou que “quando demonstro que gosto muito de alguém, a pessoa se acomoda”? Que relacionamento, por mais apaixonado que seja, resiste às não- renovações diárias de demonstrações de carinho, respeito e confiança?
Não é que tenhamos que medir cada palavra, cada gesto com quem amamos. Mas faz parte, sim, oferecer confiança em excesso em alguns momentos, e permitir um pouco de insegurança em outros. Sentir-se em uma relação estável, mas saber que é necessário conquistar e ser conquistado novamente dia após dia para manterem-se juntos. Faz parte do ser humano, ainda que não tenha consciência disso, não querer sentir-se seguro o tempo todo ao lado de alguém. Se não houver o risco de perda, o que pode se perder é a graça.
Conversando sobre os “jogos do amor” com uma paciente, me deparei com uma analogia muito interessante e que compartilho com vocês dada a simplicidade, ao mesmo tempo em que é profunda. Ela comparou o amor a partidas de tênis e de frescobol. Duas pessoas que jogam tênis têm em comum o objetivo de vencer, o que acarreta, necessariamente, na derrota de um dos dois. Os participantes são chamados de adversários e mandam “bolas ruins” um pro outro, porque o erro de um significa o acerto do oponente.
No caso do frescobol, olha que interessante. Não há vencedor nem perdedor, e comumente os pontos nem são contabilizados. Duas pessoas mandam “bolas boas” uma pra outra com o único objetivo de se divertir e não deixar que a bola caia, porque isso sim acabaria com a partida, ou resultaria no seu recomeço.
Como no jogo do amor funciona parecido! Há casais que jogam tênis sem perceber, e em vez de buscarem cumplicidade, diversão mútua e se preocuparem apenas em manter a bola no ar, disputam a vitória – que nunca chega, porque a “derrota” de um implica sempre no sofrimento também do outro. Por mais óbvio que pareça, como é difícil jogar frescobol! Não concorrer nem disputar, jogar o jogo do amor de modo que os dois sejam parceiros e não adversários, sem contabilizar pontos e percebendo que quando um recebe “bola boa”, o outro ganha também. Os dois, portanto, são vencedores, se não ao mesmo tempo, pelo menos se alternam nesse papel.
A bola caiu! E agora? Para tenistas, isso pode significar o fim da partida - a glória de um e a desgraça do outro. Pra quem joga frescobol, a queda também pode resultar no término da partida, ou não – é uma decisão que cabe aos dois que jogam. Afinal, não há pontuação, nem juiz, nem mesmo torcida – contra ou a favor. Há apenas duas pessoas que, se quiserem, podem continuar jogando juntas, tentando se divertir mantendo a bola no ar, mesmo sabendo que às vezes ela vai cair, inevitavelmente. E que em todas as vezes que isso acontecer, provavelmente um vai ter mais vontade de apanhar a bola do que o outro, porque o ser humano é complexo assim.
A partida continua se ambos concordam que não querem ser oponentes, e que apesar de já terem perdido antes, desejam continuar jogando. Talvez porque o jogo valha a pena, por si só. Talvez porque, mesmo sem certezas pro resto da vida, queiram manter a bola no ar. Ou simplesmente porque – e aí temos o exemplo da nossa dupla de vôlei de praia feminina nas Olimpíadas, que têm dificuldades em se entrosar porque nunca tinha jogado juntas -, aquela parceria é insubstituível.
O dono da bola e das raquetes sabe que não vai achar alguém com quem ele tenha tanta vontade de jogar. E quem joga com ele sabe que pode escolher jogar com outras pessoas, mas é essa bola que caiu na areia que ele quer manter no ar.

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